terça-feira, 27 de maio de 2008

Dia 05/06 tem nova palestra no IACS!

II Ciclo de Palestras terá a Participação da jornalista Rozane Monteiro no dia 05 de Junho, às 20hrs, na sala C-100. A seguir os alunos da disciplina de Gestão de Comunicação, do professor Kléber Mendonça, preparam uma entrevista prévia com a palestrante:

Qual é sua formação profissional?

Tenho 41 anos (42 em setembro), quase 22 de pista – só me formei em 1988, mas comecei a estagiar em jornal no terceiro período e não parei mais. Fui repórter de Geral no Jornal O Dia, onde acabei virando Editora de Polícia, por cinco anos. Em 2002, no cargo, fui selecionada pra uma bolsa de quatro meses nos Estados Unidos, oferecida a 10 jornalistas internacionais todos os anos pelo World Press Institute (WPI), com sede em Minnesota.

Na volta, me desliguei do jornal e, em 2003, fui assessora-chefe da Secretaria de Segurança Pública do Estado. O secretário perdeu o cargo, e eu fui parar na assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária (era a segunda lá). Em 2004, precisava de um tempo, me mandei para Praga, na República Tcheca (pois é) e passei um ano lá dando aula de inglês. Em 2005, a caminho (literalmente) do interior pra assumir o cargo de diretora de ensino da maior escola de inglês do país, o papa morreu, eu lembrei que era jornalista, chutei o emprego e fiz a cobertura da morte de João Paulo II para a Folha de São Paulo, baseada na cidade natal dele (Wadowice, Polônica) – só essa cobertura rende outra palestra, longa história, minha experiência mais marcante como jornalista.

Voltei, assumi o cargo de subeditora de Internacional do JB, virei editora e saí do jornal em 2006. Em 2007, fui assessora-chefe da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, de onde, finalmente, saí pra tocar meu site de notícias em inglês sobre o Brasil, que agora ta sendo reformulado.


Como a internet modifica o trabalho de assessora e de jornalista? Há alguma característica peculiar do trabalho de Assessoria na internet?

Desculpem dar a notícia assim, de sopetão, mas sou de um tempo em que, simplesmente, não havia internet – sim, houve um tempo em que não havia internet. Aliás sou do tempo da máquina de escrever nas redações. Aliás, aliás, sou do tempo em que repórter ia pra rua sem celular porque, adivinhem, não existia tal monstrengo. É claro que é o óbvio ululante, mas o que tenho a dizer é que a internet é um divisor de águas no trabalho de jornalista, seja em jornal, seja em assessoria.

A possibilidade de você se conectar, literalmente, com o mundo é fascinante; saber, daqui do Rio, o que acontece no Tibet quase imediatamente é, pra quem trabalhou num mundo sem internet, um avanço tecnológico e jornalístico absolutamente extraordinário. É tão revolucionário, guardadas as devidas proporções, quanto à invenção da própria imprensa. Um exemplo: quando era editora de Internacional no JB, como não tínhamos correspondentes pelo mundo, cansamos de fazer belas matérias a partir de pesquisa em sites de universidades ou instituições públicas pelo mundo, simplesmente conseguindo o e-mail e o telefone dos entrevistados em potencial. Foi assim que uma repórter catou o braço-direito do Arafat, o homem ainda vivo; foi assim que dei a manchete dando conta de que os EUA estavam prontos pra invadir o Irã.

Também vale pra quem trabalha com assessoria, claro. A possibilidade de você hoje fazer uma pesquisa rápida e de atingir clientes e/ou clientes em potencial é imensa, sem falar na avaliação do próprio retorno do seu trabalho. Um exemplo banal: hoje, os jornais estão disponíveis on-line no meio da madrugada, o que te permite, num caso ou de crise ou de divulgação importante de uma notícia, ver se o que te interessa vai estar na banca na manhã seguinte. Simples assim.

Minha única observação de alerta, que acho que vale um bom debate, é a seguinte: com o advento da internet e com a possibilidade de você, praticamente, atingir o mundo inteiro via e-mail, muitos repórteres da nova geração têm perdido o que é fundamental, a meu ver, pra um jornalista completo: a possibilidade de observar, de ver o tom da voz do entrevistado e o olhar do cara, de farejar o ambiente que o cerca. Muitas vezes, cansei de orientar meus repórteres a, em lugar de passar e-mail, ir até o entrevistado, ao vivo, tomar um café, pra sentir o que se passa. Vale, especialmente, em momentos de crise. Se o entrevistado tem motivo pra mentir, fica imensamente mais fácil pra ele por e-mail. No olho no olho, você pode até nem provar que ele ta mentindo, mas pode muito bem incluir no texto algo como "disse, nervoso, com as mãos trêmulas", "gaguejou", o que for.


Como o blog se tornou um espaço de divulgação do livro? A divulgação foi forçada ou natural?

O blog é um desses "cases", como gosta de falar a turma da publicidade, que se explica pela empatia que o público cria com uma determinada situação dramática. Por motivos descaradamente pessoais, coloquei o blog no ar de pirraça, de vingança de mulher magoada. À medida que ele foi sendo divulgado naturalmente, entre os amigos, que são, em sua maioria, jornalistas, a divulgação foi sendo feita. A partir daí, já de cabeça mais fria, fui tendo retorno dessas pessoas, que, além de serem amigas, foram me chamando a atenção pro fato de o blog estar atraindo gente estranha também, solidária ao meu inferno astral. Era fato. Eu não tinha percebido o quanto tava atraindo gente, literalmente, de todo o país no famoso boca-a-boca interneteiro.

Aí, sim, divulguei de verdade. Peguei uns mailings improvisados e despachei e-mails com o link pro blog, sem pensar, exatamente, no que daria. O resultado foi assustador, um monte de acessos por dia, com o povo se manifestando nos comentários. Em algum momento, saiu na Coluna do Ancelmo Góis, no Globo. Depois, por duas vezes, na Revista de Domingo. Foi o que bastou. Um dos retornos foi o de o dono de uma editora, a Litteris, que gamou no estilo do meu texto. Trocamos alguns e-mails. Encontramos-nos na editora e fechamos. O livro vai sair com eles. Se tudo der certo, em Agosto. E, se tudo der mais certo ainda, vou pra Bienal de São Paulo.


Qual o retorno desta divulgação?

Acho que meio que respondi na pergunta anterior. Mas, objetivamente, o retorno maior é o mercado ter conhecido o meu estilo de texto, que ficou muitas vezes aprisionado pela necessidade de ser bem comportada quando a gente está ligada a um jornal. Meu texto sempre teve como característica certo cinismo, mas raramente pude chutar o balde e exercer minha veia cômica plenamente, como pude fazer, claro, no blog. Na verdade, o que espero é que, com o livro na rua, possa imprimir meu estilo de vez e me apresentar como autora de humor (vale pra texto de ficção, vale pra uma coluna por exemplo). A única dificuldade é que o mercado é fechado demais; acreditem, ainda é machista no que diz respeito a jornalistas mulheres que têm o meu estilo. No meu caso específico, é difícil, por exemplo, provar que eu tanto posso falar da eterna confusão entre homens e mulheres como da política externa do Bush com a mesma desenvoltura. É um longo caminho a perseguir, mas que estou disposta a encarar. Agora, tomei gosto.


Existe um público alvo específico para o blog?

De cara, claro que atraiu a mulherada amiga. Mas, em algum momento, eu percebi que também atraía homens (solidários, querendo me provar que nem todos são "canalhas", e, surpreendente, não planejei, mesmo, me dizendo como era bom ver uma mulher magoada que não generaliza: ou seja, eu tava furiosa, mas sem dizer que "todo homem é canalha"). Em algum momento, me surpreendi mais ainda. Atraí jovens de menos de 30 anos, meninos e meninas. Perguntei ao meu estagiário, de 21 anos: "cara, o que te atraiu no blog de uma mulher de 41 anos que tomou um chute histórico?" Resposta: "Rozane, eu também acabei de levar um chute."

Ou seja, sem nem pensar, acabei atingindo uma gente que ou já passou pelo que eu passei ou que se vê suscetível a isso, o que nos dá, praticamente, tirando freiras, padres e monges, toda a população do planeta. Portanto, se vocês me perguntarem hoje qual o público alvo do blog, eu diria que é quem está na pista, se me permitem o coloquial-romântico, de coração aberto. A faixa etária é muito misturada. Tem gente quarentona com eu; tem a galera de 20 e poucos.

Ah, também atingi uma parcela mínima, mas digna de registro, de mulheres gays, me dizendo que também tem mulher homo canalha. O mesmo vale pros homens heterossexuais que atingi: tem muita mulher heterossexual canalha solta por aí, dizem eles.


O blog é uma exposição pessoal e do livro. Como os papéis de assessora, jornalista e pessoa/personagem se misturam?

Claro, não tenham dúvida disso, é uma exposição pessoal enorme. Jamais me arrependi de ter lançado o blog. Mas, às vezes, é difícil, justamente porque não é uma ficção. Foi fruto de uma dor que me entortou o passo e que lancei na rede justamente pra sobreviver – ok, preciso de anos de análise. Por isso, às vezes, eu relendo, dou de cara com umas bandeiras psicanalíticas da minha própria história desde a infância que são de chorar (e) de rir. Virar "personagem" não é nada fácil, especialmente quando não se planeja.

Mas, pelo menos até agora, os papéis todos vão caminhando paralelamente. Com a vantagem de, como já disse aqui, toda essa confusão ter servido pro mercado conhecer meu estilo em estado puro. Quanto ao livro, agora, de cabeça fria, percebo que é uma excelente alavanca pra divulgação dele, quando estiver pronto – e venho amarrando uma parceria com um veículo de comunicação pra bombar ainda mais essa divulgação na hora certa; não dá pra falar ainda.


Na sua opinião, esses múltiplos papéis profissionais é uma tendência na profissão de comunicação?

Esta é uma discussão delicada. Primeiro, precisamos pensar que ser assessor de imprensa e trabalhar pra um veículo de imprensa são coisas incompatíveis. Na prática: não posso ganhar dinheiro pra divulgar um cliente na mídia e estar dentro de um veículo, é absolutamente antiético, a meu ver, embora exista quem faça isso no mercado – não é regra, mas tem. Por outro lado, os 20 e tantos anos de mercado me facilitam e muito o trabalho de assessora, uma vez que conheço todo o processo de jornal (não ligo pra editor pra tentar emplacar uma nota no horário em que sei que ele ta enlouquecido com a edição de amanhã, por exemplo). Também conheço pessoas-chave nos jornais.

Quanto a jornalistas com o meu perfil e quanto a mim, especificamente, tudo é possível, uma vez que não estou ligada a nenhum veículo. Hoje, posso muito bem exercer o papel de assessora de imprensa e escrever um artigo sobre um assunto qualquer pra emplacar, como free-lance, em algum jornal ou revista (escrever é minha praia). Mas é claro que tenho a consciência de que devo me ater a assuntos que não atinjam a suscetibilidade de um cliente, por exemplo. Ok, sou assessora de imprensa do McDonald's e quero escrever um artigo falando que o KFC me lembra de Praga? É... Acho que não. Sem romantismo, sem frescura: não rola.

Quanto a achar que isso poder ser uma tendência, talvez. Tenho dúvidas. De novo, acho que pode ser pra jornalistas com o meu perfil. Mas precisamos pensar que a maior parte do mercado, ao menos, com o que se desenha hoje, me parece tender a se dividir em dois: os que produzem conteúdo pra divulgar os seus clientes e os que estão na outra ponta do processo, nos veículos (seja jornal, internet, provedor de conteúdo pra celular). Caretice? Não sei. Mas é como vejo.

Quanto à internet em si, tenho a dizer que o profissional do nosso mercado que achar que tem que entender só de jornal ou só de internet, por exemplo, pode ir se preparando pra ser ultrapassado ali na frente. Jornal hoje não é só jornal. Jornal hoje tem sua versão on-line, e os responsáveis pelo setor nas empresas ficam no pé dos repórteres pra eles darem uma notinha pro site do veículo.

O cara de internet, que, por sua vez, desprezar o que está na banca, também está fadado ao fracasso. Vai fazer o quê? Vai fazer um texto super-bacana no site onde trabalha sobre um assunto que foi explorado exaustivamente por, sei lá, uma revista de grande circulação no fim de semana? Vai pagar micão. Ambos têm que ficar atentos. É simples assim.

Isso tudo sem falar na turma que está se dedicando a aperfeiçoar conteúdo a ser disponibilizado (odeio essa palavra, moderna demais, mas enfim) nos celulares, se preparando pra quando a nova geração de aparelhos entrarem de sola no nosso mercado. Esse, também, vai ser outro passo de elefante no mercado. Quem não estiver atento vai ficar pra trás. Vale pros executivos dos veículos de comunicação, vale pros repórteres. Todos vão ter que se adaptar.

Numa comparação estapafúrdia, lembrei agora daqueles atores americanos da Broadway que, se não souberem atuar, cantar e sapatear, perde a vaga no musical imediatamente pro menino do Alabama que vem completo. Ih, viajei.

Ah, sem perder de vista que a internet, cada vez mais, tende a buscar no cidadão comum sua fonte de informação/imagem. O exemplo clássico é o YouTube, somado à tendência cada vez maior de os jornais, em sua versão on-line, motivarem os leitores a enviar suas experiências, etc, etc, etc. De pronto aqui, lembro do Globo convocando a galera a mandar depoimentos sobre o caso Isabella e depoimentos e/ou imagens de quem tava na China em meio ao caos – no Katrina, eles brilharam, com gente mandando história o tempo todo, lembro porque tava no JB e sofri com a concorrência.

É uma forma de botar o leitor dentro do noticiário, de fazê-lo se sentir parte do processo de produção da notícia, de encurtar a distância entre o cidadão comum e os jornalistas "iluminados", puta jogada de mercado para minar a mania que o povo tem de falar que a mídia é controladora. Há 20 anos, a mídia era um mal, publicitários eram a encarnação do coisa ruim. Hoje, a tendência é provar que ambos (imprensa e publicidade) são caras legais que ouvem a voz do povo, que, como sabemos, é a voz de Deus.


Para mais informações, visite o site do I Ciclo de Palestras de Assessoria de Comunicação da UFF.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Cine Falcatrua apresenta "Laboratório de Roteiros Pornô"

Dica enviada pelo Professor Afonso...

Essa é a sua chance de entrar no ramo da indústria cinematográfica que mais cresce dentro e fora da Internet, sem precisar tirar a roupa!

O Cine Falcatrua promove uma oficina onde você poderá desenvolver suas idéas para filmes pornô e transformá-las em roteiros de verdade – e quem sabe no próximo sucesso do home video!

Bote essa mente suja pra funcionar, tire seus sonhos eróticos da gaveta e venha fazer histórias.

A oficina acontece no Centro Cultural Mariantônia (USP-SP), entre 27 e 29 de Maio, das 19h às 22h. Ela faz parte da programação da exposição Campo Coletivo, e conta com o apoio do site Putrescine.

A participação é gratuita, mas as vagas são limitadas Para se inscrever, mande um email até dia 21/05 para cinefalcatrua@gmail.com, com mini-currículo e idéias de putaria, com o assunto "argumentos pornô".

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ex-assessora do Mec inaugura ciclo de palestras

Na próxima quinta-feira, 08/05, alunos do curso de Estudos de Mídia podem conferir a palestra da ex-assessora de Comunicação da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação, Flora Daemon. O evento, que tem inicio às 20h na sala C-10, trata da Gestão de Comunicação nos órgãos públicos. Questões como rotinas de produção, possíveis estratégias de rompimento da visão negativa sobre o assessorado e criação de demandas de serviço estão na pauta de discussão.

Flora Daemon atua na área de comunicação há mais de cinco anos, tendo coordenado as assessorias da SEED/ MEC e da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CECIERJ/ CEDERJ), entre outros.

A palestra inaugura o ciclo de eventos sobre Gestão em Comunicação que contará, nos meses de maio e junho, com a presença de assessores e jornalistas que atuam na área. Essa é uma ótima oportunidade para os alunos de Mídia obterem uma direção profissional a partir de informações do dia-a-dia da profissão, relatado por profissionais experientes. Além disso, as palestras ainda valem AAC.

O evento, promovido pelos alunos de assessoria de comunicação do nosso curso, é voltado àqueles que desejam se informar sobre os prós e contras da profissão. Abaixo, um rápido bate-papo com a palestrante.

1)Qual é o tema da palestra?
Flora: Mostrar um outro lado da Assessoria de Comunicação, que o assessor pode ser especialista em algum assunto, no caso órgãos públicos e comparar a Assessoria pública em Brasília (federal) e no Rio de Janeiro (estadual).

2)Quais são suas principais atividades na área?
Flora: Conhecer bem os veículos, emplacar pautas, criar demandas de serviço. As atividades são diferentes de acordo com o projeto na CEDERJ (Rio de Janeiro) e no SEED (Brasília) as atividades são diferentes.

3)Quais são características principais do Assessoria de Comunicação nos órgãos públicos?
Flora: Entender e conhecer bem o contexto político dos assessorados e da imprensa (jornais, revistas, etc).

4)Quais são tipos de estratégias para criar e administrar demandas no serviço público?
Flora: As estratégias dependem do projeto mas um ponto comum entre qualquer projeto é de conhecê-lo muito bem, entender o ponto fraco para exaltar o forte, ir aos locais, perguntar até aprender tudo sobre o projeto. Para assim, se cercar de todas as possibilidades (positivas e negativas) que a imprensa pode divulgar.