Eventos - Laura Antunes
Jornal O Globo - 24/06/2007

Projeto poderá ser levado a outros estados
Esses modelos femininos e masculinos, coletados de jovens, adultos, idosos e crianças, se transformou num rico acervo da etnia brasileira, segundo o designer Jair de Souza, autor da instalação artística. A idéia de Jair é percorrer futuramente outros estados para fotografar mais modelos de narizes, sobrancelhas, olhos...
— O banco de imagem da instalação reúne fotografias de pelo menos mil exemplares da etnia brasileira. Foram dois meses fotografando e separando em arquivos os modelos de bocas, sobrancelhas e outros itens — explica Jair.
Responsável pela confecção dos retratos falados na Polícia Civil do Rio, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), além de uma equipe de policiais-desenhistas, usa um programa de computador canadense. Mas, de acordo com um policial que trabalha no setor de retrato falado da Core, o uso do software canadense tem limitações.
— O desenho feito no papel pelo policial é fundamental no resultado final porque muitas vezes os modelos arquivados no programa canadense não se encaixam à descrição feita pela vítima. Então, o desenho final costuma ser feito em papel, com o policial fazendo os ajustes necessários ao retrato falado — explica ele.
Visitantes têm 20 minutos para fazer auto-retrato

Diariamente, conta Jair, são montados cerca de cem retratos falados. Segundo ele, as crianças são as que mais se aproximam da aparência real. Homens e mulheres tendem a melhorar o visual e torná-lo mais rejuvenescido.
— Todo o auto-retrato é um processo de reflexão e conhecimento de si mesmo. São 20 minutos que a pessoa tem na cabine para pensar em como ela é — acrescenta o autor da instalação.
Dificuldade maior é escolher o próprio nariz
Coordenador do curso de investigação e perícia da Universidade Estácio de Sá, o professor e economista Isnard Martins disse que as pessoas têm mais facilidade de apontar o cabelo correto do que outros itens do rosto:
— As pessoas têm maior dificuldade em apontar corretamente o próprio nariz. A boca vem logo depois, em grau de dificuldade. O formato da cabeça e dos olhos são os mais fáceis, depois dos cabelos.
Na última quinta-feira, a instalação do CCBB recebeu a visita de Terezinha Moreira Sampaio, escrivã de polícia aposentada, que se tornou uma das policiais mais requisitadas para fazer retratos falados nas décadas de 80 e 90 (embora até hoje seja convidada por delegados para ajudar nas entrevistas de vítimas). Terezinha — que prefere a técnica de desenhar o retrato falado usando apenas um catálogo (também em papel) de modelos de bocas, narizes etc — reconheceu que o programa de computador pode acelerar a confecção do desenho.
— Ainda acho que a minha técnica de fazer retrato falado se aproxima mais do rosto original. Isso porque, depois que a pessoa escolhe o formato de boca, olhos e outros itens, eu faço o desenho final em papel — explica Teresinha, responsável por um dos retratos falados mais precisos de Vilma Martins, a seqüestradora do menino Pedrinho, em 1986.
E só até o próximo domingo, dia 08 de Julho. Leia mais a respeito sobre o projeto
Nenhum comentário:
Postar um comentário