terça-feira, 24 de junho de 2008

Breve entrevistas com os próximos palestrantes do Ciclo de Palestras

Toda notícia que se preze deve trazer os dois lados da história. No Ciclo de Palestras sobre Gestão em Comunicação, não é diferente. Depois de tantos assessores, chegou a vez dos jornalistas falarem um pouco sobre o relacionamento entre mídia e assessorias. Esta réplica vocês vão conferir no dia 26/06, quinta-feira próxima, às 20h, na sala C-100 do IACS.

Confira a entrevista especial com os palestrantes, os jornalistas Gustavo de Almeida e Marlos Mendes feitas pelos alunos de Gestão de Comunicação.


Perfil - Gustavo de Almeida

Idade: 40 anos
Time: Flamengo
Formação Acadêmica: Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, Universidade Federal Fluminense – 1993.
Atividade: Editor-substituto e Repórter Especial, editoria de Polícia, do Jornal O DIA, e editor-assistente do “Blog de Segurança” de O Dia Online.

Como jornalista, como você vê o trabalho do Assessor de Comunicação?
GUSTAVO: É importante para os dois lados, mas muitas vezes é confundido com o profissional de Relações Públicas e com o de Publicidade. Os profissionais da área devem atentar para estas contradições.

Toda informação necessita de uma fonte. Para você, qual o papel do Assessor de Comunicação na formação do noticiário?
GUSTAVO: O Assessor de Imprensa é fundamental na área de serviços: é ele quem municia o jornal diário com informações buscadas pelos leitores diariamente, como decisões de Estado, concursos públicos, impostos, multas, mudanças de exigências públicas para diversos itens, etc.

Em que medida o trabalho do Assessor de Comunicação ajuda, ou dificulta, o trabalho do jornalista?
GUSTAVO: Atrapalha quando no papel de RP ele tenta diminuir o impacto negativo de uma notícia, bloqueando o acesso ao cliente. Ajuda quando negocia o OFF com o repórter de forma ética e eficaz.

Na sua opinião, quais são os principais erros dos Assessores de Comunicação na hora de se relacionarem com a imprensa?
GUSTAVO: Horários de telefonemas, excesso de valorização do follow-up (se formos atender a todos que precisam saber se um fax ou e-mail chegou, não trabalharemos), e principalmente as reclamações posteriores. O bom assessor deve ter classe e neutralidade e saber não reclamar à toa, só quando necessário, de uma publicação indesejada.

Quando uma sugestão de pauta é boa ?
GUSTAVO: Quando é de interesse dos leitores específicos do veículo.

E quanto ao release, o que você considera mais certo: o texto que vem "pronto para publicar" ou aquele apanhado de informações, fontes e dados organizados?
GUSTAVO: Não há certo ou errado nesta questão. Mas o texto pronto para publicar é, de certa forma, ofensivo para o jornalista. Não se deve publicar releases.

O que os alunos podem esperar da sua palestra?
GUSTAVO: Vou tentar dar uma visão real do mercado e não ser pessimista demais.



Perfil – Marlos Mendes

Idade: 36 anos
Time: Botafogo
Formação Acadêmica: Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, Universidade Federal Fluminense – 1997.
Atividade: Subeditor e Repórter, editoria de Informática, do Jornal O DIA, e responsável pelo blog “Digitais” de O Dia Online.

Como jornalista, como você vê o trabalho do Assessor de Comunicação?
MARLOS: O trabalho do assessor é fundamental para o fluxo de informação entre agentes sociais e os meios de comunicação, responsáveis por levar a informação à sociedade. As assessorias e RP’s são peças atuantes dessa engrenagem. Elas são responsáveis por buscar formas de passar a mensagem das instituições para a sociedade. Mas o assessor não deve ser apenas quem agenda a entrevista ou faz um release. Ele deve buscar o tempo todo formas de levar a mensagem aos veículos e ao público. Isso é muito mais do que escrever um release, disparar um e-mail e ligar para saber se o jornalista recebeu o texto.

Toda informação necessita de uma fonte. Para você, qual o papel do Assessor de Comunicação na formação do noticiário?
MARLOS: Como o nome sugere, facilitar o acesso do jornalista à informação. E procurar formas de fazer sua marca e sua mensagem ocuparem o noticiário. Não é raro o interesse da assessoria e do veículo serem conflitantes. Assim como o jornalista não pode esperar que o assessor passe informações "negativas", o assessor não pode esperar que o jornalista publique ipsi literis o que ele quer ver publicado. É um jogo de perde e ganha.

Em que medida o trabalho do Assessor de Comunicação ajuda, ou dificulta, o trabalho do jornalista?
MARLOS: Na medida em que há assessor que abre acessos e assessor que apenas bloqueia acessos.

Na sua opinião, quais são os principais erros dos Assessores de Comunicação na hora de se relacionarem com a imprensa?
MARLOS: Minha percepção hoje é que às vezes as assessorias são contratadas para trabalhar como agências de publicidade, buscando mídia espontânea para algo que não é notícia, mais por questões orçamentárias do que estratégicas. Também tenho me deparado com assessores que não sabem o que estão vendendo, logo, não sabem despertar o interesse pela pauta. O assessor tem que ser tão jornalista quanto o sujeito que vai escrever a matéria. Ele tem que saber o que quer ver publicado. Ele é um gerador de fatos, tem que ser pró-ativo e não apenas reativo.

Quando uma sugestão de pauta é boa?
MARLOS: Quando rende notícia, lógico. E quando é bem elaborada de acordo com o veículo e a área para a qual ela será passada. Uma pauta pode ser ótima para um suplemento e não ter espaço na geral. Ou ter espaço em ambos, dependendo do enfoque.

E quanto ao release, o que você considera mais certo: o texto que vem “pronto para publicar” ou aquele apanhado de informações, fontes e dados organizados?
MARLOS: Depende da situação. Às vezes você precisa de uma nota, uma agenda, só pra fechar. Às vezes você precisa de um apanhado mais geral. Às vezes você não precisa de nada, mas o assessor sabe convencer o jornalista de que tem uma história boa, que pode render. Cada caso é um caso.

O que os alunos podem esperar da sua palestra?
MARLOS: Uma conversa descontraída, um papo entre profissionais e estudantes (e também estudantes profissionais, por que não?). Prefiro me colocar à disposição para perguntas, contar casos e conversar. Quem sabe convenço alguns a desistirem dessa idéia insensata de virar jornalista?

Um comentário:

Rodrigo disse...

Uma pena que essas palestras começem as 20:00 horas. Não poderiam começar as 18:00, seria bem melhor.