quarta-feira, 4 de julho de 2007

Internauta unido jamais será vencido

Informática – Cora Rónai
Jornal O Globo - 18/06/2007

O Flickr, uma das mais populares comunidades de fotografia da web, está em polvorosa desde que a administração condenou os usuários da Alemanha, de Cingapura, Hong-Kong e Coréia a navegar única e exclusivamente pelo conteúdo considerado "seguro" - ou, em outras palavras, o conteúdo que os filtros do sistema acham adequado para menores.

O motivo para a bizarra decisão é que, ao abrir escritórios nesses países, o Yahoo!, a quem o Flickr pertence, passou a obedecer à legislação local. Se o problema ficasse restrito aos países orientais, ninguém teria sequer notado - há pouco diálogo entre aquele lado do mundo e o nosso. Mas a Alemanha não só fica logo ali, na Europa, como abriga um dos mais ativos grupos de usuários, em sua maioria fluentes em inglês e com amizades bem solidificadas ao redor do planeta.

Assim, em dois tempos, o Flickr se cobriu de fotos e cartazes de protesto, e grupos contra a censura brotaram e cresceram como cogumelos em dia de chuva, numa típica demonstração do poder de mobilização da rede.

Para os egressos do Fotolog, o movimento traz más lembranças. A comunidade, que foi uma das mais extraordinárias experiências do mundo online, começou a se desintegrar quando a administração se afastou dos usuários, que tentaram se fazer ouvir através de protestos como o que hoje varre o Flickr. Os administradores do Flickr acompanharam a decadência do Fotolog e aprenderam com ela. Reconhecem seus erros rapidamente e têm um diálogo mais franco com os flickeiros; no entanto, pisaram na bola ao não discutir antecipadamente o atual problema e ao demorarem demais a se explicar.

Aparentemente, a legislação alemã é mais severa do que a dos demais países europeus em relação ao que crianças podem ou não ver. Como ninguém garante que o Flickr não está sendo visto por menores, a administração optou pela saída mais fácil, pondo todos os alemães no mesmo saco, interferindo com seu direito de navegar por onde bem entendem e despertando a ira de usuários mundo afora. Vamos ver agora como desata esse nó...

Nenhum comentário: