sábado, 23 de junho de 2007

Second Life abre campo para profissionais liberais e pequenas empresas

Oportunidade - Flávia Rodrigues
Jornal O Globo - 17/06/2007

O crescimento do Second Life, uma mistura de games com site de relacionamentos pessoal e comercial, está criando oportunidades para profissionais das áreas de computação e design. É que está faltando mão-de-obra especializada na linguagem gráfica usada para construir os ambientes e os personagens desse espaço virtual. Como a área é nova, tende a ganhar mais quem se especializa primeiro. A estimativa do Senac Rio é de que um programador iniciante, que tem salário em torno de R$2 mil, possa ganhar até R$7 mil depois de dominar as técnicas.

Nesse embalo, surgem cursos de programação voltados para o Second Life. O Centro de Informática do Senac Rio, por exemplo, vai oferecer capacitação a partir do mês que vem. Segundo o gerente da instituição, Frederico Novaes, micro e pequenos empresários que queiram aproveitar as oportunidades do mundo virtual também poderão contratar consultoria: — Essa área de trabalho está crescendo rapidamente. A internet é rápida. É preciso ser ágil também.

Entre as habilidades mais procuradas nesses profissionais, estão a capacidade de modelar figuras em 3D. Ou seja, construir formas complexas, como cilindros ou esferas. Os mais experientes conseguem produzir essas figuras fora do jogo e adicioná-las ao ambiente virtual.

Técnicas para deixar os avatares bonitos

A diretora da escola T&T, Cristina Araújo, explica que também é preciso aprender uma linguagem de informática chamada C++. Assim, fica prático incluir as criações próprias no ambiente do Second Life: — Essas técnicas melhoram a aparência dos personagens virtuais.

A movimentação desses personagens virtuais ou avatares — boneco indispensável para o usuário entrar no Second Life — é, aliás, uma das principais dificuldades de quem se aventura a entrar neste ambiente. A criação dos avatares também é considerada complicada. O engenheiro de computação Breno Gentil apresentou um projeto de mestrado sobre o tema ao Departamento de Artes e Design da PUC-Rio. Ele está estudando as principais barreiras que os usuários encontram para se locomover no ambiente virtual.

Gentil não descarta a idéia de prestar consultoria após a defesa da dissertação: — Empresas interessadas no Second Life formam um bom mercado para profissionais ligados a novas mídias.

Na Coppe/UFRJ, a discussão sobre o Second Life chegou à linha de pesquisa "Informática e sociedade", do mestrado e doutorado em engenharia de sistemas. Para a professora Cláudia Werner, questões éticas precisam passar pelo treinamento de quem vai trabalhar com Second Life: — Como na vida real, avatares e empresas podem ser um perigo. É preciso ter atenção à falta de regras na internet.

A novidade também pode ser interessante para os negócios de micro e pequenos empresários. Com mil reais, afirma Novaes, é possível construir um ambiente virtual onde a marca seja mostrada. Assim, o empreendedor acompanha a tendência adotada por grandes organizações como Santander, Bradesco, TAM, IBM, RJZ/Cyrela e Petrobras — que promoveu, até, oficinas virtuais de percussão com o grupo Olodum Mirim, do qual é patrocinadora.

O setor que mais cresce nesse mundo duplo, segundo o gerente do Senac Rio, é o de serviços. Particularmente, lojas de grife e salões de beleza: são elas que mais vendem produtos no Second Life. É que, como no mundo real, as pessoas querem que seus avatares pareçam bonitos. — É grande a procura por roupas e serviços que alterem o visual dos avatares.

Grife testou roupas no ambiente virtual

O empresário e estilista Rony Meisler, da grife Reserva, conta que está impressionado com o retorno obtido com os R$60 mil investidos no Second Life. Foi com esse dinheiro que a pequena empresa construiu a passarela virtual e encomendou a reprodução dos modelos que seriam apresentados no Fashion Rio, dias depois. Foi um teste. As imagens foram mostradas num telão, no desfile de verdade: — O Second Life interessa ao cliente da Reserva. Mas não esperávamos uma repercussão tão grande.

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